quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Primeira rodada 435 bolas levantadas para 8 gols

A IBM oferece na internet o Many Eyes, que permite criar infográficos para visualização de dados, uma proposta para facilitar a interpretação.

Hoje, arrisquei colocar lá os dados de totalização de jogadas aéreas na primeira rodada do Campeonato Paulista.

O resultado você visualiza aqui.

Em 10 jogos, houve 435 levantamento de bolas na área adversária. Foram 50 bolas levantadas frontalmente, 195 cruzamentos, 128 escanteios e 62 faltas levantadas.

Para se ter uma ideia de como essas jogadas são úteis, os 195 cruzamentos resultaram em 6 gols e os 128 escanteios, em 2. O São Paulo fez 2 gols assim, o Palmeiras, mais 2, e Comercial, Ituano, Mirassol e Paulista fizeram 1.

As demais 112 faltas e bolas levantadas não deram em nada.

Até porque o São Paulo não o deixou jogar, o Botafogo foi a equipe que menos vezes ergueu a bola, 7 vezes, e lidera o Troféu Barcelona de Toque de Bola.

É uma distorção que se resolve com as próximas rodadas, quando enfrentará outras equipes.

Em seguida aparecem Paulista e São Caetano, que usaram esse recurso apenas 10 vezes, e Ituano, Oeste e Santos, 11.

Além de perder em casa na estreia sem fazer gol, a Portuguesa foi quem mais recorreu às bolas levantadas: 43 vezes em uma única partida. No gráfico você vê o que seus jogadores tentaram.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Jogo #10 - Catanduvense 0 x 2 Mogi Mirim

Um bom jogo, com bola no chão e não violento. O Catanduvense colocou pressão no início, mas em seu primeiro lance de ataque, o Mogi Mirim fez 1 a 0 após erro de Ednei na saída de bola. Levou o bote, perdeu a bola, então houve assistência e gol.

O Mogi se aproveitou e passou a controlar o jogo. Além do gol, em 6 tentativas conseguiu 2 ótimas finalizações em que o goleiro fez defesas difíceis. O Catanduvense fez 7 finalizações, acertou o travessão e exigiu duas boas defesas do goleiro, levando mais perigo em suas jogadas pela direita.

Se não chegou ao empate no segundo tempo, não foi por falta de pressão: ainda aos 17 minutos, quando os técnico costumam fazer suas substituições, Roberval Davino perguntou a Alex Willian e a Washington se eles estavam cansados.

Fazia algum sentido. Em 6 minutos, o Catanduvense fez quatro finalizações, repetindo a pressão inicial para tentar o empate. Novamente não conseguiu.

Bem estruturado nessa estreia, o Mogi Mirim manteve a defesa fechada e trocou passes com maturidade graças à vantagem inicial. O Catanduvense apelou para as jogadas aéreas. Foram 7 cruzamentos, 5 escanteios, 3 faltas levantadas e outras 3 bolas erguidas na área.

Das 18 tentativas por cima, conseguiu 1 única finalização direta, mas seu ataque se posicionou bem para aproveitar as bolas rebatidas e conseguiu 6 finalizações assim. Em um bate rebate, Lucas Fonseca salvou o Mogi ao tirar de cabeça uma bola em cima da linha.

Mas, para piorar, nesse momento o Mogi Mirim já vencia por 2 a 0: Hernane entrou em velocidade após extraordinário lançamento de João Paulo de antes do meio-campo, protegeu bem a bola em relação ao marcador e bateu meio estranho, mas a bola quicou e entrou no canto.

Apesar de o Catanduvense ter se esforçado daí em diante, o jogo já tinha acabado aos 33 minutos. Metaforicamente.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Jogo #9 - São Caetano 1 x 0 Ponte Preta

Aos 33 minutos do segundo tempo, Renato Cajá cobrou uma falta da ponta direita para Gian cabecear da esquerda da grande área. Enquanto a bola viajava, três pessoas compraram sorvetes, um sorveteiro pegou uma moeda de 1 real que deixou cair, tornou a deixá-la cair, a pegou novamente, limpou no avental e sorriu enquanto a entregava para um menino, que sorrindo contagiado mostrou o troco recebido a seu pai, que torcia ora para a Ponte Preta ora para o São Caetano, dependendo da jogada, fazia algum comentário para o garoto e, invariavelmente, desarrumava o cabelo do guri, que ria.

A bola ainda subia e uma senhora atendeu o celular, disse ao interlocutor para ele não se preocupar, que faria pizza quando chegasse em casa e, sim, havia comprado alcaparras para colocar sobre o atum e a mussarela, como gostava ele (ou ela, porque só falava você, mesmo quando mandou um beijo ao final da ligação, então o interlocutor poderia ser também uma interlocutora, o que não me atrevi a perguntar, até porque estava mais interessado em saber o que aconteceria quando finalmente mais uma bola erguida pela Ponte Preta chegasse à área do São Caetano).

Na realidade, o primeiro tempo já tinha sido assim, lento. A Ponte Preta se fechou muito bem, a ponto de em alguns momentos o São Caetano não ter opção para sair da defesa e ser necessário tocar a bola para trás para a Ponte se movimentar para a frente e aí sim ser dado um bico para os jogadores do meio-campo tentarem trabalhar.

Mais de uma vez.

De seu lado, ao São Caetano pareceu bom que fosse assim. Mesmo jogando em casa -- e provavelmente por estar praticamente vazio o estádio --, não se afobou e fez um jogo rasteiro, no sentido literal. Nenhum cruzamento, 2 faltas levantadas, 2 escanteios.

E como a ironia é parte importante do futebol, ainda que me repita, foi em 1 escanteio que saiu o gol, apesar de a equipe ter apostado principalmente em assistências para chegar ao ataque.

O goleiro Lauro socou errado um escanteio, para a frente, Moradei emendou um bom chute, e a bola desviou na defesa antes de entrar. A equipe já tinha conseguido 1 bola no travessão e obrigado Lauro a fazer 1 boa defesa.

Apesar de 4 assistências e 11 finalizações, a Ponte Preta praticamente não esteve próxima de fazer 1 gol em momento algum.

As características opostas de São Caetano e Ponte Preta ficaram ainda mais evidentes no segundo tempo: o São Caetano levantou 6 bolas na área adversária (1 cruzamento e 5 escanteios) enquanto a Ponte usou a jogada aérea 26 vezes (12 cruzamentos, 5 bolas erguidas frontais, 6 escanteios e 3 faltas levantadas).

Isso só no segundo tempo.

Ao longo dos 94 minutos e 16 segundos, a Ponte levantou a bola na área do São Caetano 39 vezes. Mas não se pode dizer que fez isso em desespero: mesmo jogando na casa do adversário e perdendo por a 1 a 0, seus jogadores não levaram nenhum cartão amarelo.

Trata-se de uma característica, mesmo.

Em 13 bolas levantadas por Renato Cajá, houve apenas 2 finalizações, 1 de Guilherme, para fora, e outra a de Gian, na esquerda da grande área, sinuosa, após cobrança de falta levantada da ponta direita. Um lance que pareceu uma eternidade.

Quando Gian finalmente cabeceou a bola, a mandou cruzada, no ângulo, e assim como os sorveteiros, o menino que pegou o troco sorrindo, o pai que desarrumava o cabelo liso do garoto, a senhora que faria uma pizza de atum com mussarela (e alcaparras), a defesa do São Caetano ficou apenas olhando para onde iria aquela bola.

Sério! Ninguém se mexeu.

Cheguei a pensar que o goleiro Luiz iria se ajoelhar pedindo proteção, mas ele se manteve firme, torcendo (e talvez orando, quem sabe) para aquela bola tão lenta não entrar.

Durante todo o segundo tempo, o São Caetano trocou passes pacientemente, conseguiu 6 finalizações, sendo 3 originadas em assistências de um companheiro para a finalização de outro.

O futebol é curioso, mesmo, e vale a pena relembrar, a Ponte Preta levantou a bola na área adversária 26 vezes no segundo tempo, inclusive na cobrança de falta de Renato Cajá para a finalização de Gian. Ainda assim, das 10 finalizações que conseguiu, 3 também saíram de assistências, mesmo com o gramado molhado por uma chuva fina.

Em um jogo de poucas faltas, que também não me atrevi a contar, o São Caetano levou dois cartões amarelos no segundo tempo.

E levou ainda muita sorte, porque a falta cobrada da ponta direita por Renato Cajá com a perna esquerda, aos 33 minutos, para o cabeceio de Gian, depois de muito tempo foi finalmente bater no travessão.

Na sequência, Renato Cajá levantou mais uma vez a bola, para ninguém, e o goleiro Luiz fez mais uma defesa tranquila, assim como a vitória do São Caetano sobre a Ponte Preta por 1 a 0.

Jogo #8 - São Paulo 4 x 0 Botafogo

O São Paulo se impôs e não deu chances. Foram 16 finalizações contra 4 apenas no primeiro tempo, contando as faltas diretas, que não aconteceram. O Botafogo confiou no seu goleiro, jogou muito fechado, e Márcio fez ótimas defesas. (apesar de no segundo tempo cometer um erro estranho).

Mas o São Paulo tentou por todos os lados. Fernandinho pela esquerda, Luís Fabiano pela direita, e Cícero, mais pela esquerda, mas também de fora da grande área. Luís Fabiano parece lento, mas Lucas e Fernandinho estão muito velozes. Lucas ficou mais recuado e deu poucas arrancadas no primeiro tempo.

O segundo tempo não foi mais produtivo para o Botafogo. Foram 14 finalizações contra 4. Ou seja, 30 finalizações contra 8 em toda a partida. Foi pouco acabar 4 a 0, já que o goleiro Márcio fez cinco defesas bem difíceis, o que só não é mais curioso do que outro detalhe.

De todos os gols e defesas difíceis, 9 lances, apenas 1 não aconteceu pelo lado esquerdo da grande área, por onde o São Paulo encontrou seu caminho, tanto no primeiro quanto no segundo tempo.

Lucas cobrou escanteio para Rhodolfo cabecear da esquerda no primeiro gol, Fernandinho cruzou para Cícero cabecear da esquerda no segundo e Tiago Ulisses bloqueou chute de Luís Fabiano e ao tentar cortar finalização de Edson Silva da esquerda, jogou a bola para dentro no terceiro.

O quarto gol teve um tempero especial. Antes da cobrança de um escanteio, o goleiro Márcio, do Botafogo, gritou "vamos tomar outro? Vocês quem sabem! Vamos subir!". Ele salvou a finalização que a defesa do Botafogo novamente não conseguiu cortar e ao tentar afastar com o pé, chutou em Tiago Ulisses, e a bola entrou novamente no gol.

Novamente Tiago Ulisses, assim como no terceiro gol. Que coisa... Acontece com as melhores defesas.

Jogo #7 - Bragantino 1 x 2 Palmeiras

Com 6 minutos, o Palmeiras já vencia por 1 a 0. Em mais uma de suas maravilhosas cobranças de bola parada, Marcos Assunção bateu escanteio da direita, a bola fez uma curva acentuada e ficou limpa para Leandro Amaro cabecear cruzado da direita da grande para baixo.

E, então, o Bragantino colocou uma falsa pressão sobre o visitante. Insistiu em bolas erguidas na área com 6 cruzamentos, 7 escanteios e 4 faltas levantadas.

Em um único lance o goleiro Bruno, do Palmeiras, fez uma defesa realmente difícil, após uma cobrança de escanteio e finalização que quicou no gramado molhado. O Palmeiras jogou fechado, teve alguma dificuldade nas bolas altas, mas não chegou a ser ameaçado. Além do gol, conseguiu mais 2 boas finalizações, defendidas pelo goleiro Rafael.

No segundo tempo, o jogo ficou bem mais rasteiro, até demais, apesar de o gol do Palmeiras ter ocorrido em um excelente cruzamento de Valdivia com a perna esquerda. Sem preconceito contra os cruzamentos eficazes.

Na segunda metade do jogo foram mostrados 9 amarelos, sendo 5 para o Bragantino e 4 para o Palmeiras.

No jogo todo, foram 7 amarelos para o Bragantino sendo 4 deles por faltas bem duras em Valdivia (1 e 3). O Palmeiras já sabia da força das jogadas aéreas do Bragantino e conseguiu reduzir os espaços no campo, compactando a equipe, segundo disse Murtosa no intervalo. Felipão estava suspenso e só assistiu ao jogo de uma cabine.

Realmente, foram 2 cruzamentos, 3 escanteios e 1 falta levantada no segundo tempo contra 6-7-4 no primeiro tempo. Além do gol de pênalti, o Bragantino conseguiu 5 finalizações e uma cobrança de falta que obrigou o goleiro Bruno a ótima defesa.

O Palmeiras finalizou 8 vezes e fez um gol, de Maikon Leite com o gol aberto, e obrigou Rafael a 1 defesa bem difícil, no reflexo, e 2 outras defesas menos complicadas.

Jogo #6 - Comercial 3 x 4 Linense

Nem a cor do calção. Nem as listras vermelhas horizontais da camisa. Ao final do primeiro tempo, todos os jogadores vestiam um mesmo uniforme, todo marrom do barro que ficou evidente em um ex-gramado alagado, com poças também evidentes que seguraram a bola em diversos momentos, mas não seguraram os ataques.

Em uma improvável boa partida em um barrão proibitivo, o primeiro tempo virou 3 a 2 em duplo sentido.

O Comercial abriu 2 a 0, com 1 gol logo a 1 minuto e outro aos 21. Em 7 minutos sofreu o empate e, depois, ainda permitiu a virada da Linense ao fazer um pênalti cobrado por Lenilson aos 46 minutos.

Com o barro no estado em que se encontra, ficou mais fácil para Lenilson a cobrança de pênalti do que tirar as bolas das poças, o que para Éder parece ser muito mais fácil: ele tem uma incrível categoria para conduzir a bola no barrão alagado.

Pensando agora, foi um primeiro tempo de improváveis acontecimentos.

O primeiro foi realizar o jogo com o barrão nessas condições. Se tiver qualquer dúvida sobre o que poderia ter acontecido, é só ver o lance de Luís Augusto, aos 4 minutos. Seu pé direito ficou preso e ele sofreu aquela queda em que todo o peso do corpo vai caindo sobre o joelho e o tornozelo dobrados em um ângulo impossível. Mas que aconteceu.

E por um motivo improvável, ele não se machucou.

Depois, no primeiro gol do Comercial, Rossato cruzou e, apesar de o gol estar aberto, a bola foi cabeceada para a direita, depois para a esquerda da grande área, para, aí sim, Rafael Tavares finalizar.

Em um tilt da defesa da Linense, uma bola lançada da defesa foi recuada errada para o goleiro, que acabou fazendo pênalti em Eliomar Bombinha. Rossato esperou o goleiro escolher o canto e então deu um toquinho no meio do gol. Tem de conhecer muito o barrão para fazer uma cobrança assim. Eu teria medo de a bola parar ali no meio do caminho à espera da recuperação do goleiro.

Com sua categoria para se movimentar sobre a lama, Éder recebeu assistência de Lenílson da esquerda e bateu da direita da grande área, de primeira e à meia altura, sem chance para o goleiro.

E, então, mais uma vez uma bola saída da defesa acabou virando gol, só que agora no estilo bumerangue. A defesa da Linense devolveu do meio-campo uma cobrança de tiro de meta, Chimba recebeu, driblou o goleiro e empatou.

O Comercial fez um terceiro gol. A bola de Bombinha ia entrando no gol, mas, por impulso, Romerito a acompanhou estando em posição de impedimento. É até discutível se ele tocou ou não tocou na bola, mas deveria ter ficado parado onde estava e só se mexido depois que a Linense tivesse reiniciado o jogo do meio-campo. No popular: deu mole.

Nos acréscimos, Lenilson marcou de pênalti sem dar chance para o goleiro, que pulou para o outro lado enquanto a bola ia para a esquerda. Os dois goleiros ainda evitaram 1 gol cada. Não há dúvida: com o barro encharcado, foi um improvável ótimo primeiro tempo.

E, realmente, não era dia do Comercial.

Duvida? Então dê uma olhada em lance aos 41 minutos. Após duas divididas, a defesa da Linense foi estourar a bola para longe, a bola rebateu em um atacante, cruzou todo o gol e saiu raspando a trave.

Se for pouco, após outro estouro de defesa, aos 45 minutos, Tyago Marques acertou um lindo chute cruzado de fora da grande área, à esquerda, e o goleiro Matheus espalmou para fora. Vale lembrar ainda que Matheus entrou após a expulsão de Douglas, que fez ótimas defesas e dois pênaltis, pelos quais recebeu dois cartões amarelos. O segundo aos 13 minutos do segundo tempo.

Mas aos 25, Marcel também foi expulso por fazer pênalti. Deve ter sido castigo dos deuses dos estádios, afrontados pelo péssimo estado do barro que tomou conta do campo que vai abrigar todos os jogos do Comercial neste Paulista.

Um péssimo sinal ter de atuar nessas condições, por mais dedicada que a equipe seja, com suas 26 bolas levantadas no segundo tempo contra 11 da Linense. Vai ser uma temporada dura e o time do Comercial vai acabar preferindo ser visitante.

Em casa, levou 4 gols e a Linense ainda desperdiçou 2 gols feitos, com Chimba e Lenilson, que não conseguiu driblar o goleiro. Aliás, foi um dos que mais sofreu com esse ex-gramado.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Jogo #5 - Guarani 2 x 1 Oeste

O correr do campeonato vai mostrar melhor se o juiz Marcelo Aparecido Ribeiro é apenas rigoroso ou rigoroso apenas. Estatísticas servem para isso, também. Futebol sem chute.

Aos 28 minutos, Fernandinho, do Oeste, encostou em Oziel por trás e recebeu o amarelo. Para mim, pareceu um exagero, também porque 5 minutos antes ele havia mostrado um cartão amarelo para Eder Lima por ter derrubado Fabinho fora do lance de bola. A TV nem conseguiu mostrar.

Para os jogadores do Guarani deve ter parecido, que o árbitro era rigoroso apenas, sabe?, pois começaram a cair em lances leves, cavando faltas e, quem sabe, cartões que saíram e não saíram.

Em um primeiro tempo equilibrado, cadenciado com passes corretos sob chuva, boa marcação e poucas faltas, uma decisão precipitada do árbitro deixou o placar igual e a partida desigual.

O Oeste havia feito o primeiro gol do jogo aos 36 minutos, em uma extraordinária enfiada de bola do meio-campo, na medida para Mazinho entrar em velocidade pela esquerda, ajeitar e bater cruzado da grande área na saída do goleiro.

Então, aos 40, Eder Lima derrubou Ronaldo na grande área. Deu um bote ingênuo e fez o pênalti. Mas não houve violência, apenas errou a bola, a perna ficou curta para o lance. E o juizão lhe mostrou o segundo amarelo e o vermelho.

Não precisava...

Nem todo pênalti deve ser punido com cartão. Até porque o Guarani esteve melhor em diversos momentos e só não conseguiu o gol logo no início do jogo porque Bruno Recife, na frente do goleiro, sozinho, chutou para fora a bola quando quis mandá-la no canto esquerdo. Gol feito, sabe? Perdeu!

Fora a cobrança de pênalti, foi a única finalização que o Guarani conseguiu de dentro da grande área. Com o Oeste marcando muito bem na defesa, o Guarani arriscou de fora em todas as outras oportunidades. A questão passava a ser se o Oeste conseguiria segurar o adversário no segundo tempo com um jogador a menos e um juiz muito rigoroso com o visitante.

Não conseguiu...

O Guarani só foi conseguir seu gol aos 36+53, passados 14 minutos e 47 segundos da entrada em campo de Bruno Mendes (que substituiu com galhardia Vitor Rossini).

3 minutos depois de entrar, Bruno Mendes fez sua primeira finalização, sem ângulo à direita da grande área, aproveitando passe de Fumagalli.

Com 8 minutos e 55 segundos em campo, cabeceou para fora um escanteio cobrado por Fumagalli.

Então, ele retribuiu: fez jogada individual pela direita, entrou na grande área e tocou às costas de um defensor para Fabinho escorar para o gol aberto. Extremamente fácil.

Além da vitória do Guarani sobre o Oeste, que tinha um jogador a menos, ficaram claras também as idiossincrasias do árbitro Marcelo Aparecido Ribeiro. 2 minutos antes do gol do Guarani, Osvaldir caiu e o árbitro mandou ele se levantar, dispensando a necessidade de atendimento médico. No instante seguinte, deu amarelo para o goleiro Zé Carlos, por supostamente demorar para cobrar o tiro de meta. É ele quem manda.

E o Guarani virou o jogo. Em vantagem, Danilo Sacramento demorou mais que o habitual para cobrar um escanteio. O árbitro apitou, mandou que cobrasse, mas não mostrou cartão.

Foram 4 amarelos e 1 vermelho para o visitante Oeste e 1 amarelo para o mandante Guarani. Sem contar isso, o árbitro foi bem. Esteve em cima dos lances, acompanhou bem o jogo.

Jogo #4 - XV de Piracicaba 1 x 1 Santos

jogo bem movimentado, intenso. lances consecutivos. além do gol, o Santos ainda acertou 1 bola na trave.
Felipe Anderson tocou entre 2 marcadores para Maranhão ir ao fundo e erguer baixo para trás, um defensor só desviou, e a bola sobrou para Alan Kardec dominar e concluir firme para o gol, aos 32+16.

Exatamente 10 minutos e 11 segundos depois de Renteria receber a cobrança de um lateral, girar na direita da grande área, e bater forte no ângulo ângulo esquerdo. Foi a tal bola na trave que mencionei antes.

No segundo tempo houve mais duas bolas na trave. A do Santos chutada por Anderson Carvalho, após rebatida da defesa. A do XV foi antes, aos 5+19, após escanteio cobrado por Alex Cazumba. Não sem quem cabeceou da esquerda da grande área, mas se foi você ou se você souber quem foi, coloca aí nos comentários, por favor.

Esse é um dos contáveis problemas das estatísticas: há lances em que não é possível determinar o autor. Isso cria o que chamam de desvio padrão. Mas ainda assim a estatística é útil. Ao menos para o total da equipe. Tenho certeza de que foi em um ataque do XV, viu Rocha Netto? (in memoriam)

As duas equipes tiveram chances claras salvas pelo goleiro adversário e acabou saindo o gol de empate a partir de um pênalti bobo. Crystian jogou improvisado pelo lado esquerdo e acabou acertando o calcanhar de André Cunha, que preparava um chute em gol. André Cunha teve a pachorra de esperar o goleiro Aranha saltar para o outro lado para cobrar o pênalti no canto direito. Crueldade...

Jogo #3 - Ituano 3 x 0 Guaratinguetá

Não é por à toa que o gramado do estádio do Ituano é tão bem cuidado. A equipe investindo forte no toque de bola para furar a defesa do Guaratinguetá e ganhar pontos positivos no "Troféu Barcelona de toque de bola".

Embora não tenha conseguido marcar no primeiro tempo, o foi jogo disputado em altíssima velocidade, principalmente nos primeiros 20 minutos, graças também ao gramado, que é muito bom.

E ia tudo muito bem no segundo tempo, até Charles Vagner ser expulso. Errou  o domínio de uma bola fácil, Kleyton Domingos deu o bote, tomou, e quando ia partir para o gol, foi puxado. Isso não vale.

Júlio César Lossávaro o colocou para fora.

Charles Vagner ficou em campo por 58 minutos e 19 segundos. Com sua expulsão, bastaram 1 minuto e 34 segundos para o Ituano fazer 1 a 0. Será coincidência?

E bastaram 50 segundos depois do gol para o técnico Ruy Scarpino colocar Otacílio Neto em campo, ou seja, 2 minutos e 24 segundos após a expulsão.

E em 10 anos, 12 minutos e 44 segundos, Otacílio Neto fez seu primeiro gol pelo Ituano. Assim como no primeiro gol, a defesa do Guaratinguetá errou. Recuo curto para o goleiro, que vacilou ao invés de tentar dar um bico na bola, e Otácílio Neto se antecipou para chutar rasteiro, no canto.

10 anos foi o tempo que Otacílio Neto levou para voltar a jogar pelo Ituano, onde começou a carreira, segundo o Globo Esporte.

Jogo #2 - Portuguesa 0 x 2 Paulista

um primeiro tempo de muita marcação. o Paulista conseguiu seu gol logo de início e se fechou, obrigando a Portuguesa a trocar muitos passes para conseguir entrar na área, mas com pouco sucesso.

como futebol sem ironia seria vôlei, o primeiro gol na Portuguesa neste Paulista foi marcado por Dener, que recebeu lindo passe de Ricardinho, ajeitou com o calcanhar, virou e bateu seco no canto.

com a vantagem, o Paulista buscou as finalizações de longe, mas também não levou perigo para a bem colocada marcação da Lusa.

previsível, a Portuguesa insitiu demais em cruzamentos, o Paulista quando teve a bola no ataque preferiu trocar passes, chegando bem menos ao ataque, mas deixando o tempo passar e mantendo a posse de bola.

e olha a ironia aí, de novo: foi em um cruzamento que o Paulista conseguiu seu segunto gol. Wellington cruzou da ponta direita e Rychely marcou meio que de carrinho. a forma como o Paulista se defendeu dificultou muito para a Portuguesa. e se continuar saindo gol de cruzamento em todo jogo, o "Troféu Barcelona de toque de bola" vai ficar por aqui. tem problema não... A gente rega.

Jogo #1 - Corintians 2 x 1 Mirassol

Nada melhor do que um primeiro tempo assim para iniciar um blog que pede bola rolando.

O Corinthians começou melhor, mas como previu Xuxa antes de o jogo começar, o Mirassol foi ganhando terreno por acreditar estar mais bem preparado fisicamente e conseguiu seu gol em um cruzamento na medida.

Esley cruzou da ponta esquerda, e o próprio Xuxa cabeceou cruzado da direita da grande área para o gol. Como se sabe, acreditar que algo é possível é uma excelente forma de começar qualquer coisa, e o Mirassol fez bem seu papel.

O Corinthians, por sua vez, não conseguiu pressionar.

Por uma infantilidade, Alex Silva foi expulso por jogar a bola para longe após a marcação de uma falta. Recebeu o segundo amarelo. Fácil fazer isso com um jogador de um clube pequeno. Mas Alex Silva devia saber disso.

Depois disso, o Corinthians empatou e com um gol contra fez a virada. Provavelmente Liedson ia fazer o gol se a bola passasse. O Mirassol foi bem, mas apesar de estar treinando há mais tempo do que o Corinthians, um mês a mais, o conjunto do Corinthians é superior e se impôs no Pacaembu.

Elton fez o gol de empate menos de 3 minutos depois de entrar em campo no lugar de Paulo André. Se coçou a curiosidade, bem-vindo ao "Futebol sem Chute": Ele levou 2 minutos e 54 segundos para fazer o gol graças a uma assistência de Liedson.

O gol contra saiu após um passe de Alex, da esquerda da grande área.

Troféu Barcelona de toque de bola

Meu objetivo é conseguir usar estatísticas de uma forma agradável. Se houver inspiração, que nem sejam percebidas como estatísticas. 

Como jornalista, busco o ineditismo. Quero fazer o que não foi feito.

Começo o Campeonato Paulista oferecendo o "Troféu Barcelona de toque de bola". Uma placa! De grama, claro.

Às equipes que fazem a bola rolar pelos gramados, mesmo elas não sendo mais feitas de couro, que vem da vaca, que come grama, como supostamente dizia o treinador Gentil Cardoso.

Mas é um troféu ou é uma placa? Como sabemos, de cavalo dado não se olha os dentes. Logo, darei nome aos bois da forma que achar mais apropriado, e a placa se chama troféu.

Vou acompanhar os jogos destacando quem menos levanta a bola para chegar ao gol. Acredito, de verdade, que o futebol brasileiro precisa baixar a bola. Mas sem perder a ternura jamais.

Bola pra frente!

Uma ousadia: estatísticas no futebol


Começou mais uma temporada do futebol brasileiro, esta encoberta pela sombra da goleada por 4 a 0 sobre o Santos na final do Mundial de Clubes. O Barcelona manteve a bola no chão no Japão e baixou um pouco a bola de santistas e do futebol brasileiro. Às vésperas de ser sede de uma Copa do Mundo, acredite, isso é bom.

Há algum tempo, fala-se muito da superioridade do Barcelona. Incrivelmente, o Barcelona é diferente dos brasileiros pelo que não faz e não apenas pelo que ele faz.

O modo atual de jogar futebol no Brasil é um retrato do país do desperdício em que vivemos. A jogada mais recorrente por aqui é o cruzamento, quando mais se desperdiça a posse de bola. Coincidentemente, é muito pouco usado pelo Barcelona, que prefere manter a posse e recomeçar a jogada, mesmo que seja voltando a bola para o meio-campo.

No ano passado, assisti a 141 dos 380 jogos do Brasileirão. Acompanhei 24 jogos do Corinthians e 24 do Vasco, campeão e vice da competição.

O Corinthians fez 282 cruzamentos nessas partidas; 15% foram finalizados (43) e, sempre arredondando para facilitar a compreensão, 2% (2 em cada 100) transformados em gols (6). Não me parece um investimento muito atraente o rendimento de 2% ao ano, a não se fosse na Alemanha. É o mesmo obtido pelo Vasco. Em 18 jogos, o Flamengo fez gol em 6% dos cruzamentos.

Contra o Santos, o Barcelona finalizou 2 dos 5 cruzamentos que fez. Foram 3 dos brasileiros Daniel Alves e Tiago. Em média, o Corinthians faz 12 cruzamentos por jogo; o Vasco, 10. Ou seja, um gol a partir de cruzamentos a cada cinco jogos.

Com escanteios é a mesma coisa. Basta ocorrer a marcação de um escanteio para a torcida se inflamar, o que aliás parece ser a essência de haver tantas bolas levantadas: dar satisfação à torcida, mostrar que está colocando pressão no adversário, quando na verdade não está porque as jogadas são bem marcadas. Mas quem não arrisca não petisca, água mole em pedra dura etc. etc. etc.

O Corinthians cobrou 141 escanteios, normalmente levantando a bola na área; 9% foram finalizados (13) e 1% virou gol (2). Parece que um escanteio não é uma jogada tão perigosa assim, não é mesmo? O Vasco cobrou 139 escanteios, 20% foram finalizados (28) e 2% viraram gols (3).

Uma outra coisa que o Barcelona pouco faz é levantar na área uma falta ao redor da área. Prefere sair tocando para criar uma jogada. Não é à toa. O Corinthians levantou 103 bolas na área em cobranças de falta nos jogos em que acompanhei. 14% foram finalizadas (14) e fizeram 1 gol em 103 faltas levantadas. É para se pensar.

Ou seja, é a razão que leva o Barcelona a ter coragem de não desperdiçar a posse de bola. Explica em muito por que eles ficam tanto tempo com a bola. O Vasco fez 66 cobranças levantadas de falta e 1 gol. Uhm... 

Sem colocar nessa conta uma bola que possa ser rebatida e o gol sair no aproveitamento do rebote. Tomo por base o pênalti: se o goleiro rebate e acaba saindo o gol, conta-se como pênalti perdido, pois o rebote já é uma segunda jogada.

O melhor aproveitamento em faltas levantadas é do São Paulo: de 36 cobradas, 11% foram finalizadas (4) e 6% viraram gol (2). Isso em 14 jogos.

Mas nós podemos imaginar o que vai acontecer no estádio se na terceira falta na ponta esquerda não houver um "chuveirinho" na grande área para tentar a finalização.

Como sempre, somos reféns da nossa cultura.

Estatisticamente, até mesmo as cobranças diretas de falta a gol são um desperdício de posse de bola. O Corinthians cobrou 31 e não marcou nenhum gol nos 24 jogos que acompanhei. O Vasco cobrou 51 faltas diretas "em gol" e fez 1 único gol. É até fácil ver o aproveitamento.

O melhor aproveitamento foi do Internacional. Fiz 14 jogos deles, cobraram 12 faltas diretas e fizeram 2 gols. Aproveitamento de 17%. 

Meu projeto para 2012 é assistir a todos os jogos do Campeonato Paulista, o que não é fácil, pois são muitas rodadas no meio de semana, e do Campeonato Brasileiro. É um objetivo profissional.

Não existe estatística burra. Há dados relevantes e irrelevantes. Como um banco de dados é uma nuvem em que todas as informações estão disponíveis ao mesmo tempo, cabe ao analista jogar luz sobre elas para descobrir o que possa interessar. É o desafio que me impus após três anos de testes e aperfeiçoamentos de meu banco de dados e mais de 400 jogos acompanhados. Vamos em frente. O tempo é curto.