segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Jogo #275 Fred mantém média de 1 gol a cada 3 finalizações na vitória do Fluminense sobre o Botafogo, prejudicado pela arbitragem

Até pouco tempo atrás (o marco para mim é a instituição do sistema de pontos corridos no Campeonato Brasileiro, em 2003, quando o futebol brasileiro mostrou ter maturidade suficiente para receber a Copa do Mundo), os clubes que queriam ser campeões buscavam investidores/patrocinadores, gastavam o que podiam e o que não podiam, tiravam o máximo e mais um pouco dos jogadores que tinham, e faziam de tudo para conquistar o título.

Isso mudou, as verbas cresceram, investiu-se forte em estrutura, adotou-se o planejamento e os clubes deixaram de ir "além do máximo" porque diferentemente do que acontecia até então, o investimento de cada ano tem de deixar um legado para os anos seguintes.

E este time do Fluminense é o maior exemplo disso. De forma pra lá de organizada, ele faz o mínimo, com o máximo de eficiência.

Ofensivamente, desde o início do campeonato está entre as equipes que menos chutam em gol, mas tem o ataque que mais gols fez.

Defensivamente, a equipe assume os riscos de ter o adversários muito próximo de seu gol, o que fica mais claro depois que consegue uma vantagem mínima no placar. Afinal, não há melhor momento para correr riscos do que quando se está vencendo. Se algo de errado, volta-se ao empate e o jogo recomeça "do zero".

O Fluminense é como o rato que sai do buraco para aprender os movimentos do gato, como naqueles desenhos do Tom & Jerry. O rato se dá bem porque descobre que o gato é previsível.

Então, na prática, quando o Fluminense tem uma vantagem, ele "treina" a sua defesa. Não é um menosprezo. O sistema defensivo passa a praticar à exaustão a discliplina, a concentração, o rigor, a organização. Ao invés de buscar uma goleada, pratica-se o defender-se.

Não foi apenas por coincidência que Seedorf disse ao final do jogo "Eles são os primeiros na classificação, time que (...não compreendi...) uma oportunidade para fazer a diferença. Eu acho que falta essa maturidade para saber que esses momentos fazem a diferença nesses grandes jogos." 

O Fluminense tem maturidade, como reforçou Andrezinho. Quando se encontra um adversário mais duro pela frente, a defesa do Fluminense já está forjada, consegue manter a concentração. Se algo der errado, e o time ficar em desvantagem no placar, a equipe está pronta para absorver o golpe. Mas a desvantagem raramente acontece.

Me perdoem os descontentes com a comparação, mas foi o que fez o Corinthians durante o Brasileirão do ano passado e mais ainda no Campeonato Paulista deste ano para conquistar a Libertadores-2012. Vencia por 1 gol de vantagem e vivia sob pressão para se manter pronto para ela. O Fluminense aplica a mesma cartilha e vai conquistando os pontos para buscar ao título deste ano.

Onde parece haver falta de produtividade, há estratégia; onde parece haver sufoco, há condicionamento; quando parece que o Fluminense está acuado, ele está no controle. Nem que seja das próprias emoções, o que não é pouco. Não é por acaso que o Fluminense é pressionado praticamente em todo jogo, mas ainda assim tem a melhor defesa do campeonato.

Para o Fluminense, a melhor defesa é a defesa bem feita. 

O Botafogo pressionou desde o início e teve a última bola do jogo, com Andrezinho. Mas o Botafogo dono do quarto melhor ataque do Brasileirão (mas que tinha o segundo melhor ataque no início da rodada) não conseguiu fazer 1 gol sequer. 

Em toda a partida, o Botafogo fez 12 finalizações. No primeiro tempo, foram 5, sendo 4 certas. Em 2, o goleiro saiu nos pés de Elkeson; nas outras 2, as finalizações foram em cima do goleiro. Falta espaço para mais. Foi se desgastando fisicamente, perdendo a confiança, e no segundo tempo, o Botafogo fez 7 finalizações, mas nenhuma delas foi no gol. Zero.

Com o Fluminense foi o contrário. Finalizou 4 vezes no primeiro tempo, nenhuma no gol; no segundo tempo, finalizou 9, sendo apenas 2 certas e fez 1 gol. Na outra, o goleiro Jefferson fez ótima defesa (quando o jogo estava 0 a 0). Depois de abrir vantagem, o Fluminense fez 3 finalizações apenas, mas todas para fora.

O Fluminense também está muito treinado e as jogadas saem com naturalidade, exigindo poucos passes. 

O gol saiu aos 29 minutos, em um contra-ataque fulminante. Gabriel levantou a bola no ataque do Botafogo, dois tricolores tocaram de cabeça mandando a bola para a frente, a sobra ficou com Fred, que passou para Wellington Nem avançar pela intermediária direita na corrida e passar de volta para Fred, que dominou com o pé direita e bateu com o esquerdo entre as pernas do goleiro.

Tinha acontecido uma jogada muito parecida aos 17 minutos, em que Jean ficou completamente livre na intermediária direita e passou para Wellington Nem, que errou o passe para Fred. Pouco depois, Oswaldo Oliveira tirou Fellype Gabriel e colocou Lodeiro, supostamente porque Fellype Gabriel demorou para voltar para recompor a defesa.

Não adiantou. O gol saiu em jogada idêntica porque os adversários do Fluminense entram em campo mais pressionados do que o líder em busca da vitória, já que o Tricolor tem 6 pontos de vantagem na classificação e pode jogar no contra-ataque. Está podendo empatar, até perder. O Fluminense está podendo.

É um jogo muito inteligente o do Fluminense.

O resto são os detalhes de qualquer jogo, mas que ganham dimensão nas partidas mais importantes: aos 33 minutos do primeiro tempo, Elkeson avançou pela direita da grande área e Digão pisou em seu pé de apoio quando preparava um chute. Pênalti não marcado, difícil de ser visto.

Aos 17 minutos do segundo tempo, Andrezinho cruzou da ponta esquerda, Bruno estava com o braço aberto na grande área e a bola foi desviada por ele. O árbitro interpretou como bola na mão.

Aos 44 minutos do segundo tempo, em um lance muito rápido e difícil de ser marcado, Valencia estava com o braço junto ao corpo, mas quando a bola ia escapar dele, Valencia abriu o cotovelo e mudou a trajetória da bola.

O árbitro Felipe Gomes da Silva, que só tinha trabalhado 1 vez neste Brasileirão e como árbitro adicional, fez o que lhe pareceu melhor em seu jogo de estreia no apito. Talvez só não fosse o melhor árbitro para apitar jogo como este.

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