terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Jogo #9 - São Caetano 1 x 0 Ponte Preta

Aos 33 minutos do segundo tempo, Renato Cajá cobrou uma falta da ponta direita para Gian cabecear da esquerda da grande área. Enquanto a bola viajava, três pessoas compraram sorvetes, um sorveteiro pegou uma moeda de 1 real que deixou cair, tornou a deixá-la cair, a pegou novamente, limpou no avental e sorriu enquanto a entregava para um menino, que sorrindo contagiado mostrou o troco recebido a seu pai, que torcia ora para a Ponte Preta ora para o São Caetano, dependendo da jogada, fazia algum comentário para o garoto e, invariavelmente, desarrumava o cabelo do guri, que ria.

A bola ainda subia e uma senhora atendeu o celular, disse ao interlocutor para ele não se preocupar, que faria pizza quando chegasse em casa e, sim, havia comprado alcaparras para colocar sobre o atum e a mussarela, como gostava ele (ou ela, porque só falava você, mesmo quando mandou um beijo ao final da ligação, então o interlocutor poderia ser também uma interlocutora, o que não me atrevi a perguntar, até porque estava mais interessado em saber o que aconteceria quando finalmente mais uma bola erguida pela Ponte Preta chegasse à área do São Caetano).

Na realidade, o primeiro tempo já tinha sido assim, lento. A Ponte Preta se fechou muito bem, a ponto de em alguns momentos o São Caetano não ter opção para sair da defesa e ser necessário tocar a bola para trás para a Ponte se movimentar para a frente e aí sim ser dado um bico para os jogadores do meio-campo tentarem trabalhar.

Mais de uma vez.

De seu lado, ao São Caetano pareceu bom que fosse assim. Mesmo jogando em casa -- e provavelmente por estar praticamente vazio o estádio --, não se afobou e fez um jogo rasteiro, no sentido literal. Nenhum cruzamento, 2 faltas levantadas, 2 escanteios.

E como a ironia é parte importante do futebol, ainda que me repita, foi em 1 escanteio que saiu o gol, apesar de a equipe ter apostado principalmente em assistências para chegar ao ataque.

O goleiro Lauro socou errado um escanteio, para a frente, Moradei emendou um bom chute, e a bola desviou na defesa antes de entrar. A equipe já tinha conseguido 1 bola no travessão e obrigado Lauro a fazer 1 boa defesa.

Apesar de 4 assistências e 11 finalizações, a Ponte Preta praticamente não esteve próxima de fazer 1 gol em momento algum.

As características opostas de São Caetano e Ponte Preta ficaram ainda mais evidentes no segundo tempo: o São Caetano levantou 6 bolas na área adversária (1 cruzamento e 5 escanteios) enquanto a Ponte usou a jogada aérea 26 vezes (12 cruzamentos, 5 bolas erguidas frontais, 6 escanteios e 3 faltas levantadas).

Isso só no segundo tempo.

Ao longo dos 94 minutos e 16 segundos, a Ponte levantou a bola na área do São Caetano 39 vezes. Mas não se pode dizer que fez isso em desespero: mesmo jogando na casa do adversário e perdendo por a 1 a 0, seus jogadores não levaram nenhum cartão amarelo.

Trata-se de uma característica, mesmo.

Em 13 bolas levantadas por Renato Cajá, houve apenas 2 finalizações, 1 de Guilherme, para fora, e outra a de Gian, na esquerda da grande área, sinuosa, após cobrança de falta levantada da ponta direita. Um lance que pareceu uma eternidade.

Quando Gian finalmente cabeceou a bola, a mandou cruzada, no ângulo, e assim como os sorveteiros, o menino que pegou o troco sorrindo, o pai que desarrumava o cabelo liso do garoto, a senhora que faria uma pizza de atum com mussarela (e alcaparras), a defesa do São Caetano ficou apenas olhando para onde iria aquela bola.

Sério! Ninguém se mexeu.

Cheguei a pensar que o goleiro Luiz iria se ajoelhar pedindo proteção, mas ele se manteve firme, torcendo (e talvez orando, quem sabe) para aquela bola tão lenta não entrar.

Durante todo o segundo tempo, o São Caetano trocou passes pacientemente, conseguiu 6 finalizações, sendo 3 originadas em assistências de um companheiro para a finalização de outro.

O futebol é curioso, mesmo, e vale a pena relembrar, a Ponte Preta levantou a bola na área adversária 26 vezes no segundo tempo, inclusive na cobrança de falta de Renato Cajá para a finalização de Gian. Ainda assim, das 10 finalizações que conseguiu, 3 também saíram de assistências, mesmo com o gramado molhado por uma chuva fina.

Em um jogo de poucas faltas, que também não me atrevi a contar, o São Caetano levou dois cartões amarelos no segundo tempo.

E levou ainda muita sorte, porque a falta cobrada da ponta direita por Renato Cajá com a perna esquerda, aos 33 minutos, para o cabeceio de Gian, depois de muito tempo foi finalmente bater no travessão.

Na sequência, Renato Cajá levantou mais uma vez a bola, para ninguém, e o goleiro Luiz fez mais uma defesa tranquila, assim como a vitória do São Caetano sobre a Ponte Preta por 1 a 0.

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