terça-feira, 18 de setembro de 2012

Jogo #244 Focado mesmo sob pressão intensa, Flamengo empata com o 3º colocado Grêmio com golaço de Adryan em cobrança de falta

Está nascendo 1 novo líder na Gávea: Adryan.

No que foi marcada a falta em Ibson, Ramon pediu a bola: "É minha essa, é minha, passa a bola aí". Primeiro Vágner Love segurou, depois, ofereceu. Mas a cobrança ficou para Adryan, um momento curioso e que pode ser uma marca na história do Flamengo.

Ramon ficou conversando com ele enquanto Adryan ajeitava a bola. Outros jogadores se aproximaram. Léo Moura, Ibson, Liédson, a nata. Falaram alguma coisa, saíram. Adryan se concentrou. Certamente, dali já acertou várias e várias vezes o gol nos treinos. 18 anos e "rostinho de 14".

Ele se concentrou, olhou a barreira, olhou o gol, se abaixou, ajeitou de novo a bola, a colocou um pouquinho mais para a direita.

Ramon se aproximou novamente. Parece até ter reafirmado a ele "você já acertou várias daqui, hein", com um tapinha nas costas. E se afastou.

Adryan se afastou também. Da bola, de Ramon, da barreira, do Engenhão, de tudo. Naquele momento, só havia a bola e o gol. 5 passos curtos que o levaram muito mais longe.

Quando foi para a bola, não havia mais nada. Nem Ramon nem Engenhão nem dúvida. Aos 15 minutos e 56 segundos do segundo tempo, a bola viajou até o ângulo esquerdo, e o goleiro Marcelo Grohe não teve o que fazer a não ser evitar bater a cabeça na trave. E mesmo assim, foi por pouco.

Rompeu-se o silêncio com o grito de gol da torcida rubro-negra, mas Adryan estava tão longe que não comemorou. Ramon o ergueu como a um troféu. Quando Cáceres chegou afoito para estravasar com um grande abraço, Adryan ainda estrava em transe. Nem os tapinhas no rosto que lhe deu Ramon o tiraram de lá. Nem o tapão nas costas dado por Ibson. Nem o safanão de Liédson nem o puxão de Léo Moura para que voltassem todos para o campo de defesa para que o jogo fosse reiniciado. Quem sabe a virada?

Léo Moura ficou olhando o semblante daquele menino de 18 anos. Ele estava diferente. Ramon também percebeu. O segurou pelo peito esperando pela volta de Adryan àquele corpo. Talvez aquele Adryan não volte nunca mais. Prestem atenção neste novo.

Ele voltou para o campo de defesa, assentiu com a cabeça com Léo Moura, com mais alguém. Seguiu em frente. Bateu mais 1 falta da intermediária, fez 2 cruzamentos, deu 1 assistência para finalização de Bottinelli.

Reafirmou no final, aos 47 minutos do segundo tempo, a vontade que tinha de conseguir a vitória. Cruzou toda a área para ir cobrar 1 escanteio que Frauches já se preparava para bater.

Foco, talento, vontade de vencer, tudo o que o Flamengo precisa. Um ídolo? Um que cobra faltas como Zico? É até mais do que o Flamengo precisa, mas nunca é demais, nesse caso.

Quando o jogo acabou, a escalação do Flamengo era: Felipe (28 anos); Wellington Silva (24 anos), Frauches (faz 20 neste mês), González (32) e Ramon (24); Cáceres (27), Ibson (28), Bottinelli (26) e Adryan (18); Nixon (20) e Vágner Love (28).

Média de idade de quase 25 anos. Com garotos talentosos ganhando experiência.

Durante o jogo, o Flamengo esteve a apenas 1 ponto da zona de rebaixamento. Em um momento de pressão, Adryan conseguiu mostrar seu melhor e Nixon teve 1 chance clara de virar o placar, mas o goleiro Marcelo Grohe saiu muito bem a seus pés, após passe extraordinário de Vágner Love.

Ah, se o torcedor tivesse interesse em parar e pensar que seu clube está em um momento de renovação muito importante... Como não se espera isso das arquibancadas, é necessário preparar o time, também, para a realidade de vaias e pressões. Se preparar para enfrentar o pior reduz em muito a chance de o pior acontecer. Ainda mais em vésperas de Copa do Mundo no Brasil. Que sabe se Adryan estará lá? Futebol é momento.

Há alguns anos que os clubes mais bem estruturados focam jogo a jogo, mas com a cabeça na temporada, em objetivos que dependem do patamar de cada equipe.

O próprio Grêmio, que desta vez colocou a bola no chão, tem como projeto declarado fazer 37 pontos no segundo turno, como afirmou o técnico Vanderlei Luxemburgo antes do jogo. E sua equipe terminou apenas com Leandro sendo menor de 23 anos (19). A média de idade do Grêmio é de quase 28 anos.

Dentro de sua realidade, chegou ao gol aos 17 minutos do primeiro tempo, com Marcelo Moreno completando por cima do goleiro um passe sensacional de Elano. Ficou a sensação de que o Grêmio poderia ter feito mais, mas o empate como visitante se enquadra nos projetos de longo prazo.

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