domingo, 30 de setembro de 2012

Jogo #263 Santos acerta o travessão no último segundo de jogo, mas Grêmio expõe imaturidade de Neymar e problemas da era pós-Ganso

Antes de tudo: que jogaço no Olímpico.

O Grêmio estava em casa, com o estádio lotado, tinha de vencer para impedir que o Fluminense abrisse uma vantagem maior na liderança do Brasileirão (foi para 9 pontos), abriu 1 a 0 no primeiro tempo, Neymar foi expulso aos 7 minutos do segundo, mas o Santos se sensibilizou com uma "injustiça" contra ele, se desdobrou em campo, conseguiu o empate em 1 a 1, o Grêmio foi para cima, pressionou, teve gol anulado por 1 toque de mão de André Lima, mas por 2 vezes quase levou o gol da virada nos últimos segundos de jogo. Isso tudo com as 2 equipes buscando o gol sem uma escalada de violência e com "apenas" 40 faltas no jogo (22 do Grêmio e 18 do Santos). O normal é haver mais de 50 faltas no Brasileirão, o que poderia subir muito além disso com a intensidade que se viu em campo.

Um jogaço!

Do lado do Grêmio, fica cada vez mais evidente a diferença que Zé Roberto e Elano fazem quando estão em campo. Os 2 participaram de 25 jogadas que mantiveram o Santos sob pressão, contando aí assistências (1), bolas levantadas para o ataque (4), cruzamentos (5), escanteios (8) e faltas levantadas (6). Além de 1 finalização de Elano.

Não foi por acaso que saiu do pé esquerdo de Zé Roberto a cobrança de falta levantada que resultou no gol de cabeça de Werley, que desviou a bola e matou o goleiro do Santos aos 33 minutos do primeiro tempo.

A experiência dos 2 não ajuda o Grêmio apenas tecnicamente, eles ajudam a formar uma equipe que joga duro, que testa os nervos do adversário sem ser desleal. É uma equipe madura, que joga como se espera de um time gaúcho. Vai no limite do tolerável sem deixar o adversário respirar.

Mas aos 5 minutos do segundo tempo, Neymar disparou com a bola e levou um pontapé de Elano, que não recebeu o amarelo. Por mais errado que estivesse o árbitro, o jogo em si é próprio exemplo de que os vencedores sabem, também, apanhar com resignação. É duro, é difícil, pode ser considerado sobre-humano, mas os grandes devem estar preparados para tudo e para um pouco mais.

E Neymar é grande desde pequeno.

Neymar reclamou acintosamente e acabou recebendo o cartão amarelo. Ironizou a decisão (correta) do árbitro, que errou ao não dar amarelo para Elano, mas acertou ao punir o destempero de Neymar.

Aos 7 minutos, Neymar disputou com Pará uma jogada e acabou pisando o adversário que estava caído. Sobrou braço, trombada, chute, mas Neymar não podia pisar o adversário caído. O lance revelou a imaturidade de sua idade. Gente muito mais velha e experiente cometeria o mesmo erro, mas no nível de um Neymar, isso não pode acontecer. É o ônus de ser Neymar.

Por mais que o árbitro Nielson Nogueira Dias tenha errado ao não mostrar amarelo para Elano, não se deve passar a mão na cabeça de Neymar nem vê-lo como vítima. Ele cometeu 2 erros primários e isso deve ser conversado com ele, que provavelmente sabe a besteira que fez, pois é inteligente.

Só que a expulsão de Neymar se tornou um evento maior do que o jogo em si. E realmente mudou a partida, só que, aparentemente, contra o Grêmio. No primeiro tempo, o Grêmio conseguiu 6 finalizações, fez 1 gol, acertou o travessão e o goleiro Rafael fez 2 defesas. Após a expulsão de Neymar, o Grêmio finalizou apenas 4 vezes em 40 minutos com 1 jogador a mais (sem contar o gol anulado por 1 toque de mão).

O amarelo e o vermelho direto para Neymar mexeram com os brios do Santos, que vibrou na frequência da cólera que sentem os injustiçados ao perceberem que Neymar apanhou e foi punido por cobrar o árbitro e então se descontrolou.


O técnico Vanderlei Luxemburgo mexeu na equipe, o Grêmio não desistiu do ataque em momento algum, o Santos suportou a pressão e quase saiu premiado com a vitória.

Aos 47 minutos, Elano cobrou falta levantada da intermediária, a defesa cortou, Léo Gago levantou a bola para a área, o goleiro Rafael a socou, e a equipe do Santos mostrou como está preparada para enfrentar esses momentos de tensão extrema. 

Assim como aconteceu em lances anteriores no mesmo jogo, ao invés de dar um bicão para qualquer lado, a defesa trocou passes, e Arouca fez um lançamento espetacular para Felipe Anderson disparar do campo de defesa até a meia-lua adversária, tendo apenas o goleiro Marcelo Grohe à sua frente, quando foi derrubado por trás por Léo Gago, que foi expulso. Na cobrança da falta, Bernardo acertou o travessão.

Se a bola tivesse entrado, teria sido histórico para os santistas. Mesmo sem a bola entrar, foi um jogaço.

Ps.: Os 2 cartões dados a Neymar ainda trazem outra questão: sem Ganso na equipe, falta alguém diferenciado para dividir a atenção dos adversários e como Neymar tem a responsabilidade de resolver nesse Santos, ele está passando a armar jogadas para o ataque sem um parceiro para "dialogar". 

Evidentemente, ele está sobrecarregado. Internamente, isso pode estar pesando sobre o seu emocional, ainda mais contra um time do calibre do Grêmio e em Porto Alegre. Em consequência, a tendência é seu futebol brilhar menos. 

Ele vai amadurecer mais rapidamente sem Ganso a seu lado, e o ex-companheiro também, mas ao menos até o Santos reforçar sua equipe, Neymar vai perder um tanto do brilho que conquistou. E isso precisa ser conversado com ele, também, para que ele não "estoure".

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