segunda-feira, 16 de julho de 2012

Jogo #86 Time da torcida do Cruzeiro é completamente envolvido pelo Grêmio em Belo Horizonte

Um juiz com pouca experiência, um time mandante mal armado, uma torcida impaciente e uma equipe visitante bem treinada, uma mistura explosiva para um jogo como a vitória do Grêmio por 3 a 1, no estádio Independência, em Belo Horizonte, sobre o Cruzeiro.

Primeiro o Grêmio.

Jogou como se estivesse em seu estádio. Não deu qualquer chance ao Cruzeiro, mesmo jogando o segundo tempo todo com um jogador a menos. Marcou tão bem no campo de defesa que inviabilizou o toque de bola do Cruzeiro. Se tivesse forçado, teria goleado. Fez apenas 7 finalizações em toda a partida, 3 certas e 3 gols.

Gilberto Silva foi uma parede durante toda a partida. Com Elano, Zé Roberto se movimentando na defesa e no ataque, se tornou uma equipe muito forte. Deve crescer durante a competição porque está com uma defesa muito bem organizada, como é o normal no times de Vanderlei Luxemburgo.

Marca das equipes do treinador, o Grêmio fez apenas 9 jogadas aéreas. Para comparação da diferença, o Cruzeiro tentou 57 jogadas aéreas (volto ao tema no final). O Grêmio fez 2 cruzamentos, 1 deles, de Elano, virou o primeiro gol, aos 25 minutos de jogo. Elano foi na ponta direita e cruzou para Marcelo Moreno marcar de cabeça.

Aos 28, Léo recebeu na direita, esticou até a linha de fundo, foi atrás e passou para Marcelo Moreno na pequena área dar um toquinho para Kleber completar para o gol por baixo do goleiro.

Aos 19 do segundo tempo, Pará avançou pela ponta esquerda, foi ao fundo, retornou com a bola para a intermediária acompanhado de perto pela marcação. Ele tocou para Zé Roberto, que tocou para Souza no meio. Como a marcação acompanhou Pará pressionando-o para voltar, Souza avançou pela esquerda, às costas do marcador, passou por Leandro Guerreiro com a bola dominada, foi até o fundo e tocou para Marcelo Moreno limpar e bater rasteiro para o gol.

O Grêmio não deu show porque não precisa.

Depois o árbitro.

O árbitro Marcelo Aparecido R. de Souza faz o tipo que mostra muitos cartões para tentar garantir a ordem em campo, coisa que árbitros como Paulo César Oliveira não precisam fazer. Mostrou 8 cartões amarelos e 1 vermelho (sem contar o segundo amarelo para Werley, indevido).

Na 8a rodada, ele apitou Ponte Preta 1x0 Palmeiras, em Campinas, e mostrou 7 cartões amarelos, 3 para a Ponte Preta e 4 para o Palmeiras, todos aceitáveis.

Nesta 9a rodada, foram 5 amarelos e um vermelho para o visitante Grêmio e 3 amarelos para o Cruzeiro.

Curiosamente, o amarelo para Gilberto Silva foi um exagero, porque ele fez falta por trás em Wellington Silva sem qualquer tipo de violência ao tentar pegar a bola. Pouco depois, puxou o mesmo adversário pelo ombro, aos 39 minutos do primeiro tempo, e não recebeu o segundo amarelo e o vermelho.

Pouco depois, aos 42, Werley chegou primeiro na bola, tocou na bola, limpo, e depois trombou com o adversário, mas foi expulso por isso. Já tinha um amarelo por impedir que o goleiro saísse jogando. O árbitro demonstrou não ter critério, além de ter errado, claramente.

Aos 46 minutos do segundo tempo, Marquinhos pulou em direção ao gramado para cortar uma finalização e levou a mão à bola. Claramente, o árbitro faz sinal com as mãos para o jogo seguir, mas voltou atrás após a reclamação dos cruzeirenses.

Aí, a torcida.

Com o Cruzeiro perdendo por 0 a 3 em casa e um pênalti que não resolveria nada, o torcedor passou a gritar o nome do goleiro Fábio para a cobrança. Uma homenagem, talvez, por serviços prestados. Na transmissão foi dito que ele já teria manifestado o desejo de fazer um gol. Wellington Paulista pegou a bola para cobrar o pênalti, e o estádio explodiu em vaias, que ficaram mais fortes quando ele fez o gol. Incrível, mas prevísivel, principalmente porque aos 22 minutos do segundo tempo, já com 0 a 3 no placar, a torcida do Cruzeiro começou a gritar "olé" durante a troca de passes do Grêmio...

A torcida tem sido um desafio extra para a montagem do time, uma tarefa penosa e que exige paciência. Contra o Figueirense, na 5a rodada, os torcedores vaiaram insistentemente o volante Amaral ainda no primeiro tempo e pediram em coro a entrada de Leandro Guerreiro. Na volta do intervalo, o técnico Celso Roth colocou Guerreiro no lugar de Amaral. E o Cruzeiro venceu por 1 a 0.

Contra o Grêmio, isso se repetiu, com um novo personagem. Com os 2 primeiros gols do Grêmio acontecendo pelo lado esquerdo da defesa do Cruzeiro, a torcida passou a vaiar Everton quando ele tocava na bola. No intervalo, ele foi substituído por Souza.

Aos 17 minutos do segundo tempo, com o Cruzeiro perdendo por 0 a 2, o técnico Celso Roth chamou do aquecimento o lateral-esquerdo Gilson. Seria a última substituição do time mineiro. Imediatamente, passou a ecoar pelo estádio o grito de "burro" e, logo em seguida de "Anselmo". Aos 24 minutos, Celso Roth tirou o estreante Borges e colocou Anselmo Ramon.

Então, o Cruzeiro.

Foi por falta de entrosamento e, por isso, parece ter sido 1 erro de Celso Roth colocar Borges para jogar com Wellington Paulista. Diversas vezes os 2 ocuparam o mesmo espaço e irem ao mesmo tempo na bola, por reflexo, claro. Mas contra o Grêmio não se pode errar assim.

Com os 2 em campo, Montillo foi facilmente anulado. O time não conseguia sair jogando pela direita e passou a ser obrigado a levantar a bola (8 vezes) da defesa direto para a intermediária de ataque, ficando fácil para a defesa do Grêmio. Mesmo Montillo, quando voltou para a defesa para tentar a armação, teve de levantar a bola para o ataque. Tinga e Souza quase bateram cabeça (literalmente) ao ir em uma mesma bola. No total, foram 23 bolas levantadas frontalmente (2 finalizações), 19 cruzamentos (3 finalizações), 11 escanteios (1 finalização) e 4 faltas levantadas (1 finalização).

Totalmente envolvida pela marcação imposta por Luxemburgo, o Cruzeiro não conseguiu trocar passes e sofreu em casa da mesma forma que aconteceu contra o São Paulo. Ainda que tenha bons jogadores, não tem estrutura defensiva e no nível atual do futebol brasileiro, isso é fundamental. Vai ter de trocar as rodas com o ônibus andando enquanto o motorista faz média com o público. Azar dos ótimos passageiros.

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